02 novembro, 2006

A História de Ó ( I )


Pauline Réage, autora de um dos mais famosos livros que traram de BDSM: A História de Ó. Primeira edição de 1954 . Segue um trecho retirado de um site para o deleite de vocês, submissas e escravas a quem estre BLOG é dedicado.
" O acreditara, ou quisera acreditar, para se justificar, que Jacqueline fosse arredia. Foi só querer para ver que estava enganada. Os ares pudicos de Jacqueline, ao fechar a porta da saleta com o espelho, onde trocava de roupa, eram exatamente destinados a atiçar O, a estimulá-la a forçar uma porta escancarada que ela hesitava atravessar. Mas Jacqueline estava longe de imaginar que a decisão de O viesse, finalmente, de uma autoridade fora dela, e que não fosse o resultado dessa estratégia elementar. No começo, O se divertiu. Sentia um enorme prazer ao ajudar Jacqueline a ajeitar os cabelos quando, por exemplo, depois de tirar as roupas com as quais havia posado, Jacqueline punha a blusa de malha apertada no pescoço e o colar de turquesas da cor dos seus olhos; ao pensar que, naquela mesma noite, Sir Stephen ficaria sabendo de cada um dos gestos de Jacqueline, se ela havia deixado que O pegasse seus dois seios pequenos e afastados por cima da malha preta, se seus cílios, mais claros do que a pele, haviam tocado as maçãs do rosto ao abaixar as pálpebras, se ela gemera. Quando O a beijava, ela ficava pesada, imóvel e atenta nos seus braços, e deixava que sua boca fosse entreaberta e seus cabelos puxados para trás. O tinha sempre que tomar cuidado em apoiá-la num portal, ou de encontro a uma mesa, e segurá-la pelos ombros. Senão, ela teria escorregado no chão, de olhos fechados, sem dizer um ai. Assim que O a deixava, ela voltava a ser como a neve e o gelo, rindo como uma estranha, e dizia: 'Você me manchou de batom', e esfregava a boca. Era essa estranha que O gostava de trair, prestando toda a atenção – para não esquecer de contar nada – ao lento rubor das maças do seu rosto, ao cheiro de sálvia do seu suor. Não se poderia dizer que Jacqueline se defendesse, nem que ficasse desconfiada.
Quando cedia aos beijos – e a única coisa que já havia concedido a O eram beijos, que deixava que ela lhe desse, mas que não retribuía -, cedia bruscamente, e poder-se-ia dizer inteiramente, tornando-se de repente outra pessoa, durante dez segundos, durante cinco minutos. No mais, era ao mesmo tempo provocante e arisca, com uma incrível habilidade para se esquivar, sempre tomando cuidado e sem nunca cometer um deslize para não permitir um só gesto, uma só palavra, um só olhar que pudesse fazer coincidir a triunfante com a vencida, ou levar a crer que fosse fácil forçar sua boca. O único sinal que poderia talvez revelar um certo constrangimento sob a aquosidade de seu olhar era, às vezes, uma espécie de sombra involuntária de um sorriso no rosto triangular, semelhante a um sorriso de gato, igualmente indeciso e fugaz, igualmente inquietante. No entanto, O não demorou a perceber que duas coisas despertavam esse sorriso, sem que Jacqueline tivesse consciência disso. A primeira eram os presentes que lhe davam; a segunda, a evidência do desejo que ela inspirava – contanto, porém, que esse desejo viesse de alguém que lhe pudesse ser útil ou que a elogiasse. O lhe seria útil para quê? Ou será que, excepcionalmente, Jacqueline sentisse apenas prazer em ser desejada por ela, ao mesmo tempo que a admiração demonstrada por O a reconfortava, e também porque o desejo de uma mulher não tem riscos nem conseqüências? O estava, entretanto, convencida de que se tivesse oferecido a Jacqueline os vinte mil francos que estavam sempre lhe fazendo falta, em vez de lhe trazer um broche de nácar, ou o último lenço Hermès, no qual estava impresso Eu te amo em todas as línguas do universo, do japonês ao iroquês, ela não teria continuado a dizer que nunca tinha tempo de vir almoçar ou lanchar na casa de O, nem se esquivado às suas carícias. Mas O nunca pôde ter certeza. Assim que falou sobre isso a Sir Stephen, que reclamava da sua lentidão, René interveio. Nas cinco ou seis vezes em que René viera buscar O, e nas quais Jacqueline estava lá, tinham ido todos três ao Weber, ou a um dos bares ingleses próximos à igreja da Madeleine; René olhava para Jacqueline exatamente com a mesma mistura de interesse, segurança e insolência com a qual olhava para as moças que estavam à sua disposição em Roissy. Sobre a brilhante e sólida armadura de Jacqueline, esse atrevimento deslizava sem causar nenhum dano, sem que ela nem mesmo percebesse. "

Um comentário:

Anônimo disse...

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